sábado, 27 de fevereiro de 2010

G E S T A Ç Ã O D E A L T O R I S C O

Toda gestação traz em si mesma risco para a mãe ou para o feto. No entanto, em pequeno número delas esse risco está muito aumentado e é então incluído entre as chamadas gestações de alto risco. Desta forma, pode-se conceituar gravidez de alto risco "aquela na qual a vida ou saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido, têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada" (Caldeyro-Barcia, 1973).

O interesse pela gestação de alto risco data da década de sessenta e, como seria de se esperar, despertou a atenção de inúmeros estudiosos, no mundo inteiro. Para a generalização dos conhecimentos, o primeiro passo era a identificação, em determinada população, daquelas que tivessem fatores de risco. Assim, surgiram inúmeras tabelas e escores na literatura mundial, diferentes entre si, por relatarem realidades de países, ou mesmo regiões diferentes.

No Brasil, por suas grandes dimensões e, principalmente pelas

diferenças sócio-econômico-culturais, evidenciam-se fatores

de risco diversos para as várias regiões. Partindo-se desta

constatação, parece ser de maior interesse listarem-se os fatores

mais comuns na população em geral. Assim, os fatores

geradores de risco podem ser agrupados em quatro grandes

grupos, que são:

1. Características individuais e condições sócio-demográficas

desfavoráveis;

2. História reprodutiva anterior à gestação atual;

3. Doenças obstétricas na gestação atual;

4. Intercorrências clínicas.

As situações listadas no Quadro 1, embora de risco, devem

ser abordadas, quanto ao atendimento especializado, na

dependência da estruturação dos serviços locais. De maneira

geral, são inicialmente atendidas no nível primário, e referenciadas posteriormente, se necessário, para níveis mais complexos de

atenção. Na atenção às gestantes ditas de "baixo risco",

deve-se atentar para o aparecimento ou agravamento dos

referidos fatores. A ausência de controle pré-natal, por si mesma, é um fator de risco para a gestante e o recém-nascido.

Quadro 1. Fatores de risco na gravidez (Tedesco, 1999, modificado)

1. Características individuais e condições sócio-demográficas

desfavoráveis

_ Idade menor que 17 e maior que 35 anos

_ Ocupação: esforço físico, carga horária, rotatividade de

horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos

nocivos, estresse.

_ Situação conjugal insegura

_ Baixa escolaridade

_ Condições ambientais desfavoráveis

_ Altura menor que 1,45 m

_ Peso menor que 45 kg e maior que 75 kg

_ Dependência de drogas lícitas ou ilícitas

2. História reprodutiva anterior

_ Morte perinatal explicada e inexplicada

_ Recém-nascido com crescimento retardado, pré-termo ou

malformado

_ Abortamento habitual

_ Esterilidade/infertilidade

_ Intervalo interpartal menor que 2 anos ou maior que 5 anos

_ Nuliparidade e Multiparidade

_ Síndrome hemorrágica ou hipertensiva

_ Cirurgia uterina anterior

3. Doença obstétrica na gravidez atual

_ Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e

volume de líquido amniótico

_ Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada

_ Ganho ponderal inadequado

_ Pré-eclâmpsia e eclâmpsia

_ Diabetes gestacional

_ Amniorrexe prematura

_ Hemorragias da gestação

_ Aloimunização

_ Óbito fetal

4. Intercorrências clínicas

_ Hipertensão arterial

_ Cardiopatias

_ Pneumopatias

_ Nefropatias

_ Endrocrinopatias

_ Hemopatias

_ Epilepsia

_ Doenças infecciosas

_ Doenças autoimunes

_ Ginecopatias